domingo, 5 de fevereiro de 2012

S. Valentim está a chegar


Não tarda o dia dos namorados. Quem julga que é coisa só de jovens faça favor de não ler esta nota. Muita gente encontrará formas bem amáveis de demonstrar à ou ao namorada/o como há sempre encanto no namoro, seja em que idade for, e sabendo-se que namoro não é exatamente só amor-base, é complemento muitas vezes esquecido com o tempo - mas quando falha... E um jantar especial de namoro não calha bem? 
Claro que todo com feminilidades, aquelas coisas chatas e pirosas que evocam sempre rendinhas e florzinhas, ademanes, quequices, dengozices, chocalho na canela, cravo e canela, mas que afinal nos derretem. “Le poète a toujours raison, la femme est l’avenir de l’homme”. Flores, velinhas, meia luz e Chopin, obrigatório. Claro que deve meter coisas doces, suaves, aromáticas, chocolate e licor. Se champanhe, sacrifiquem uma noite por ano o vosso bom gosto por um bruto e sirvam um semi-adocicado. Aqui vai, sem receitas (inventem, que eu já as tenho preparadas mas só para a morena) uma sugestão de ementa de jantar de S. Valentim.
Vai começar cor de rosa, com salmão, em creme de sopa. Um toque de leite de coco para “o meu coquinho tropical”. Ovas a evocar a fertilidade feminina. Ervas subtis a lembrar piquenique no campo, à Cesário, só faltando o ramalhete rubro de papoilas e o jerico. E as duas rolas é só para quem se lembrar do excelente poema.
Marisco simples, só com um toque de tempero de pimenta rosa, tinha de ser. Mais uma juliana de caiota, também coisa suave e feminina, cozida em chá ou temperada com um agridoce de licor de poejo açoriano e sumo de limão (galego). Ou então, ainda não me decidi, apenas uma flor de tomate confitado, bem aberto em gomos.
Bife à café, à maneira tradicional lisboeta, mas desta vez condescendendo com o café como coisa a mais do que no nome. O bife (ou turnedó) sairá polvilhado com café em pó e com molho de natas amargado de chocolate. A acompanhar, fora o mais que vos apetecer com bom gosto, “trufas” gratinadas de pasta de cogumelos selvagens e nozes.
Para sobremesa, mousse de chocolate branco, maracujá e Biscoitos Chico Maria (na falta, Porto). Um toque de gengibre, para lembrar as Mil e Uma Noites.
Café bem perfumado, mais arábica que robusta, com licor de leite de S. Miguel e com biscoitos da Gabriela (de cravo e canela).
E para vinho, já que faço todo este exercício de ajoelhamento diante das mulheres, um Grandjó. Elas gostam...!

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