quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Lisbon Restaurant Week

Sou cliente habitual da Lisbon Restaurant Week, por uma única razão. Não me importo de, dentro das minhas possibilidades, pagar por um grande restaurante, mas detesto ser vigarizado e pagar gato por lebre. Assim, por 20 €, fico a saber o que me oferecem e extrapolo para a ementa normal – e o seu preço. Nuns casos fiquei cliente, a outro (estrelado) nunca mais lá fui. 

Desta vez foi o Claro, em Paço de Arcos, numa excelente localização com vista para o Tejo (adivinhada, porque fomos jantar já de noite). Já lá tinha ido, como La Cocagne, mas é história antiga. A sala, a vista, a decoração, são as mesmas mas a cozinha, a cargo de Vítor Claro, é muito diferente. No geral, gostei bastante, embora nem tudo me tenha agradado igualmente. Começo por criticar a demora, pouco compreensível no caso de um menu fixo. A compensar, os pedidos de desculpa de um serviço muito simpático.

Abriu-se com um couvert muito simples, mas que não apreciei muito. Bom pão mas apenas de uma qualidade, só mais manteiga e flor de sal. Já tenho escrito que sou minimalista em relação ao couvert, não quero petiscos nem presunto e queijo, mas este exagerou.

Primeira prova de mexilhões, numa espécie de escabeche, com um muito bom toque de um enchido (chouriço, paio?) ou de presunto. Muito simples, muito bem feito. A seguir, barriga fumada em fatias muito finas, com uma boa vinagreta de ervas. Pena que a barriga fosse muito variável, umas fatias com carne, outras só de gordura. De qualquer forma, novamente muito boa nota.

Também muito bons uns coscorões de alheira e depois raviolis de camarão e cogumelos (pareceu-me que chanterelas ou até boletos). Raviolis é uma maneira de dizer, porque a massa era de tipo massa de arroz, oriental. Muito bom.

A entrar nos pratos, uma mousse de bacalhau coberta com batatas fritas. A mousse, muito simples, tipo brandade mas com pouca gordura, mais nata, estava suave e com tempero justo, a ir muito bem com o bacalhau. Fiquei com dúvidas sobre as batatas, fritas em azeite (o que me enjoa sempre um pouco), um pouco agressivas para o bacalhau que, como disse, estava muito suave. Teria preferido um outro legume em palitos, fritos, como, por exemplo, caiotas ou cherovias.

Como não há bela sem senão, o pequeno prato final de carne foi uma desgraça. Porco desenchabido, seco, nem confitado a baixa temperatura nem classicamente assado, a meio caminho, acompanhado apenas com ervilhas que ficaram com uns minutos a menos de tempo de saltear. Gosto de legumes crocantes mas não quase crus. E mais nada a dar qualquer graça ao prato. Em compensação, a terminar, um excelente gelado, claro que não industrial.

Tudo pesado, lá voltaremos para refeição normal. Pena é que, na conversa animada, me tenha esquecido de ver a ementa normal, que também não encontro na net.

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