terça-feira, 1 de outubro de 2013

Ronda de restaurantes – Casa Nanda

A ida ao Porto terminou, sexta-feira, em almoço de dia de águas mil com grande alarido de campanha de uma candidatura que parecia já certa da vitória. Depois do jantar de véspera, de alta cozinha, um bom almoço – deve haver gosto para tudo, desde que com qualidade – na Casa Nanda.

Não há alfacinha que vá com frequência ao Porto que não tenha de confessar que, quanto a cozinha tradicional, se come muito bem no Porto. Que o digam, basta essa experiência, os que, Tendo algum tempo disponível antes do comboio, o usam, e com bom proveito, no Aleixo, em Campanhã. Lá comi, já há largos anos, umas tripas inesquecíveis.

A Casa Nanda é famosa mas não a conhecia. Dirigida pela dona, (Fer)Nanda, que visivelmente sabe do assunto; herdou-a da mãe, também mestra famosa nas artes de tachos e panelas, à maneira de gente de boa e velha cozinha. O pai ainda lá vai ajudando. Andando um pouco desde os Aliados, lá se chega ao restaurante, na R. da Alegria. Pareceu-me a melhor forma, mesmo para locais, porque não vislumbrei lugar de estacionamento. O restaurante, para cerca de 60 pessoas, é como tantas vezes se vê: mobiliário simples, friso de azulejos, candeeiros de ferro forjado, decoração exuberante de reportagens de jornal, de críticas e da família. E sem homenagens ao dragão… Mas não é isto que leva a mal a cozinha.

Esta sim, a valer deslocação, com uma lista representativa da cozinha nortenha (Porto e Minho). Sendo só dois, tenho de me ficar pela apreciação de dois pratos, mas vivamente recomendados por mestra Nanda: filetes de polvo com arroz do mesmo; e rojões.

Os filetes mereceram nota muito alta, com distinção. Polvo muito tenro, polme fino, fritura no ponto, os filetes bem escorridos e o óleo absorvido. O arroz estava muito saboroso e bem temperado, só sendo pena que de arroz agulha em vez de carolino, moda infeliz que grassa desde há uns anos.

Rojões já comi às dúzias, em muitas terras minhotas. Nunca tão bons, com destaque para a macieza da carne, que quase se desfazia, para a quantidade certa de gordura, sem fazer o prato ficar enjoativo, e para o bom tempero com cominhos, quanto baste mas sem ser envergonhado. 

Para sobremesa uma salada simples de pêssego de fim de estação, bem sumarento, e um leite creme como ambas as nossas avós faziam, com o creme espesso e coberto com caramelo, não com açúcar queimado.

Em resumo, um restaurante popular (também na conta), de muito boa cozinha tradicional, com um serviço simples, despretensioso e muito amável. Indo ao Porto, vale a pena lá voltarmos.

2 comentários:

  1. Em Campanhã, desculpe. Não na Campanhã...

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  2. Obrigado, já corrigi. Não sabia. É como em Lisboa, o Campo Pequeno, o Campo Grande, o Campo de Santana mas Campo de Ourique, sem artigo.

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