segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Vale a pena

Não me importo de fazer publicidade (gratuita) quando ela merecida e pode ajudar os meus leitores a darem por coisas que desconheciam. Hoje vão três exemplos.

1. Tanto quanto a crise permite, sou cliente da César Castro. É uma casa de artigos de hotelaria bem estabelecida no Porto mas que só recentemente abriu uma loja em Lisboa, na Av. 5 de Outubro, 26B. Não se assustem por dizer que é de hotelaria, o que faz logo pensar em profissionais. De facto, tem uma ampla oferta de artigos domésticos vulgares e de coisas a nível intermédio, já a lembrar pro, para amadores com gosto pela técnica. O catálogo é vasto, o que faz com que, frequentemente, se tenha de esperar pela encomenda. E não é cara.

Tem duas secções, uma de mesa e outra de cozinha. Na de mesa destaca-se uma boa variedade de louças não convencionais, das que estamos habituados a ver nos restaurantes, para apresentação imaginativa de entradas ou sobremesas, por exemplo. Da área de cozinha, dou exemplo de coisas que lá tenho comprado: um defumador a frio, uma balança de precisão para pequenas quantidades, uma peixeira para placa de indução, um termómetro electrónico para alta temperatura, uma luva de rede metálica, tipo talhante, película de ir ao forno, musselinas, sacos para o meu aparelho de vácuo, aparas de madeira para defumação, formas para moldar arroz, etc. Nada mau, como se vê.

2. Quanto está fechado para descanso o restaurante açoriano de Alfragide ;-) levo ao Espaço Açores os meus amigos que não conhecem a cozinha açoriana. Fica no mercado da Ajuda, na Travessa da Boa Hora à Ajuda. Lá pontifica, muito bem, o casal Alfredo Alves, com todo o seu domínio da cozinha das ilhas centrais, com realce para o seu Pico natal. Não obstante, também se estendem à Terceira, com uma alcatra de tipo popular (um pouco diferente, por mais rústica, da alcatra rica que descrevo no meu livro) e mesmo a S. Miguel, com uma versão “tecnológica” do cozido das Furnas, creio que feita da mesma forma que eu também descrevo nesse meu livro.

Vale a pena lá ir à quinta feira, para o bufê representativo da cozinha das ilhas do meio. De facto, é mais uma degustação, tendo de bufê apenas os comensais irem servir-se, já que a ordem e as quantidades são fixas. Tudo é surpresa para o continental, mesmo quando o prato parece o mesmo, como é o caso da morcela e linguiça que, nos Açores, têm tempero muito diferente do de cá.

Não podendo estar agora a explicar cada prato que compõe essa ementa de degustação, fica só a lista: linguiça e morcela com ananás e inhame; favas secas de molho de unha; polvo guisado em vinho de cheiro; atum assado no forno, com cebolada; torresmos de porco com feijão assado, à “calafona”; alcatra; fritos de Carnaval – filhozes, malassadas, coscorões. Recomendo.

3. Abriu recentemente na zona de restauração do Colombo um pequeno espaço que ainda vejo, lamentavelmente, com pouca clientela. É imerecido, porque o conceito é inovador, pelo menos para mim, e a confecção é muito boa. Trata-se da “Merenda Portuguesa”. Para além de sopa e sobremesas, o essencial é a merenda. Aquecido na hora, o elemento comum é uma espécie de caixa de pão, com uma única abertura, onde se despeja um recheio de entre uma boa variedade de pratos tradicionais portugueses ou muito conhecidos: frango na púcara, carne de porco à alentejana (com amêijoas mas descansem que descascadas…), bacalhau espiritual, salsicha com couve lombada, peru com ananás e funcho, farinheira com ovos e feijão verde, rolo de carne com queijo, para além de um prato vegetariano.

Pode-se pedir acompanhamentos – como não o fiz, não me recordo agora quais. Para beber, além de águas, vinho a copo e refrigerantes, um muito bom sumo de groselha e um chá preto frio de boa qualidade, a meu gosto, sem adições de frutos. Preço acessível, ao nível da oferta em centros comerciais. Tem todas as razões para merecer que o experimentem, que mais não seja para variar de muitos outros que por lá estão, vira o disco e toca o mesmo.

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